terça-feira, 4 de junho de 2013 | By: Unknown

O que está por trás do fim da Newsweek?

Prestes a completar 80 anos, a norte-americana Newsweek anunciou que seus últimos exemplares chegarão às bancas no dia 31 de dezembro. A partir de janeiro, seu conteúdo será abastecido através da versão digital. O que faz um título que exerceu grande influência na história ter dificuldade nos negócios, a ponto de encerrar sua tradicional versão impressa?
  Em comunicado oficial, Tina Brown, editora executiva da revista anunciou: “Estamos fazendo uma transição na Newsweek (...) Esta decisão não se prende com a qualidade da marca ou do jornalismo – esses vão continuar tão fortes como sempre. É uma decisão que se relaciona com os desafios econômicos das edições impressas e da distribuição”.
  Com o aumento da publicidade em meios digitais, houve diminuição no espaço publicitário que antes era destinado ao impresso.  Além disso, os custos para as publicações são altos. No caso do Brasil, por exemplo, 90% do papel são importados. Contraditoriamente, aqui e em alguns países da América Latina, a versão impressa da Newsweek continuará circulando.
  O professor de graduação em Comunicação Social e jornalista com experiência em veículos como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasília, Moacir Assunção, explica: “Nos EUA, a questão dos veículos digitais pegou mais forte do que em várias regiões do planeta. Acho que essa crise da Newsweek é um pouco mais americana do que mundial. No Brasil, apesar dos problemas recentes (fechamento do Jornal da Tarde e do Correio Popular, por exemplo), ainda não vivemos este quadro”.
  Enquanto alguns veículos estão optando por investir em versões digitais, outros permanecem firmes na distribuição de exemplares. A Women’s Wear Daily é o único jornal diário do mundo que tem seu editorial voltado à moda. É difícil totalizar quantas publicações nesse segmento existem e fácil de compreender como um veículo mesmo tendo um número de circulação menor comparado a Vogue, Bazaar ou Elle, se mantém firme durante décadas, enfrentando ainda a concorrência dos meios online.  A coordenadora da pós-graduação em comunicação e cultura de moda da Belas Artes, Jô Souza, justifica: “O folheto se destaca pelo seu diferencial. Além de boa, ele é muito crítico, diferente da maioria das revistas e jornais feitos para o consumidor final”.
  Para ela, a internet é uma mídia poderosa, porém uma ferramenta que também auxilia a versão impressa. “Veículos regionais demoram muito para chegar a outras cidades. A mídia online ajuda disponibilizando o conteúdo ou até estendendo a reportagem no site”, finaliza Jô.
  Não cabe a nós prever o futuro dos veículos impressos no mundo. A questão é antiga e a discussão é longa, mas o fato é que uma nova tendência tem ganhado espaço no mercado editorial e na vida dos leitores. É possível que haja espaço para todos, assim como houve para o rádio com a chegada da TV. O desafio, a cada um, será reencontrar o seu lugar.


Colaborou: Bruna Emanuelle


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